12 de nov. de 2013

Reflexão: Passando o Bastão Ministerial

Por: Miguel Piper
Miguel e Terry Piper são missionários norte-americanos no Brasil desde 1970. Em 1982, fundaram a Comunidade Cristã de Curitiba. No ano passado, 2011, fizeram uma transição, passando a responsabilidade de dirigir e presidir a equipe pastoral a outro casal. No artigo a seguir, Pr. Miguel comenta essa experiência e fala sobre princípios importantes para se fazer uma boa transição na hora de passar o bastão a um sucessor. Com isso, reforçamos ainda mais o tema que foi abordado na edição 71 da revista Impacto: “Preparando a Próxima Geração”. 

Comecei como feto, nasci bebê e, desde então, já experimentei muitas transições. Passei de solteiro a casado e de pai a avô até chegar ao ponto em que estou hoje: alguém que é jovem há muito tempo! Minha fé é que Jesus voltará, e serei “transformado num abrir e fechar de olhos” para ser semelhante a ele na sua vinda. Aleluia!
Terry e eu fizemos a transição na Comunidade Cristã de Curitiba, passando o nosso bastão como pastores seniores a um querido casal de pastores, Luiz e Eliane Magalhães, que havíamos discipulado e acompanhado por vários anos. Entregamos o encargo oficialmente a eles no dia 2 de dezembro de 2011.
Fui despertado por Deus para iniciar o processo em 2009, durante a transição de um pastor amigo que estava com 79 anos. Ouvi alguém falar enquanto estava lá: “Ele esperou demais”. Na mesma hora, eu disse comigo mesmo: “Não quero esperar demais”. Logo em seguida, Pra. Terry e eu começamos a orar, a adquirir alguns livros e a entrevistar líderes de nossa confiança sobre a transição deles.
Tínhamos filhos naturais e espirituais que poderiam perfeitamente ser nossos sucessores. Porém, qual deles seria a escolha de Deus? Oração e convicção da vontade de Deus são chaves nesses momentos.
Somos muito gratos a Deus por ter-nos ajudado a fazer uma transição tranquila e bem-sucedida. A seguir, quero destacar alguns princípios nas Escrituras e algumas lições que aprendemos durante o processo que podem ajudar outros em sua jornada.

Padrão do Velho Testamento
Os patriarcas, reis e profetas ocupavam posições únicas, quase absolutas, e normalmente só passavam seu encargo para um sucessor quando estavam perto da morte.
Dentre os exemplos bons, podemos citar a passagem do patriarca Moisés para Josué (tirando o povo de Israel do Egito e conquistando a terra prometida), do rei Davi para Salomão (construção da casa de Deus) e do profeta Elias para Eliseu (ministério de milagres).
Temos, também, diversos exemplos negativos. Josué foi um incrível servo e líder na sua geração, mas falhou em não passar o bastão à geração seguinte, que não conheceu o Senhor (Jz 2.10). Eli foi o último dos juízes e falhou com seus filhos; sua linhagem sacerdotal, mais tarde, foi eliminada. Finalmente, podemos citar Salomão, que se desviou do Senhor, não preparou um sucessor que desejasse agradar a Deus e causou divisão permanente no reino de Israel.
Podemos concluir que a prática do Velho Testamento não é ideal para os nossos dias. Se um pastor esperar até adoecer ou morrer, ou até o rebanho estar definhando, para abrir espaço a um sucessor, ele pode bem deixar cair o bastão geracional de seu ministério.
Lembro que, quando anunciamos que iríamos passar o bastão do nosso ministério na igreja, um irmão me procurou depois da reunião e me disse: “Pastor, eu tinha certeza de que você ia esperar até que estivesse caindo, quase morrendo, agarrado no púlpito, para puxar um papel dizendo: Este é o meu sucessor; por favor, sigam a ele!”.

Padrão do Novo Testamento
No Novo Testamento, vemos outro tipo de quadro. Havia mais fluidez nos ministérios e ocorriam transições sem a morte do líder anterior.
João Batista foi aquele que introduziu o Messias e a Nova Aliança e deu o maior exemplo de como se deve fazer uma transição. Ele apontou para Jesus e o indicou como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, como aquele que batiza com o Espírito Santo e com fogo. Com isso, muitos deixaram João e seguiram Jesus, incluindo alguns de seus futuros apóstolos.
Este foi o princípio de João Batista: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). É também a chave para todas as verdadeiras transições.
Paulo foi outro que deixou um modelo positivo de transição, preparando a liderança da igreja em Éfeso para sua ausência e passando instruções para Timóteo (veja At 20.17-38; 1 Tm 1.3). Paulo sempre trabalhava em equipe, incluía continuamente pessoas novas para ampliar a equipe e treinava e motivava seus filhos na fé, Timóteo e Tito (At 11.25,26; 13.1-3; 14.21-23; 15.40; 16.1-3; 2 Tm 2.1,2).

Princípios de uma transição ministerial bem-sucedida
Numa corrida de “revezamento”, o momento mais crucial é quando um atleta passa o bastão para o próximo corredor. O primeiro precisa colocar o bastão na mão do segundo, enquanto os dois correm lado a lado, segurando o bastão juntos por um curto tempo até que o segundo assuma a corrida sozinho. O desafio é passar o bastão adiante sem deixá-lo cair, dentro do espaço permitido e sem perder velocidade nem tempo.
I. A Escolha do Sucessor
1. A direção do Espírito Santo é fundamental na escolha da pessoa que tem os dons e ministérios certos para a próxima conquista da igreja. Dons ministeriais e dons do Espírito Santo são importantes, como por exemplo: o dom de presidir, a palavra de sabedoria, o dom de fé, o ensino e vários outros que podem ser necessários dentro do mix do novo ministro.

2. Outro aspecto importante é analisar o caráter, a competência e a compatibilidade com a cultura da igreja. A cultura é composta de história, tradições e personalidade coletiva. Escolher um sucessor de dentro da igreja é melhor porque já conhece a cultura. Assim como o corpo físico pode rejeitar um órgão transplantado, um corpo local pode rejeitar um ministro que venha de fora.

3. Deve haver um processo de confirmação, começando com o próprio pastor sênior, passando pelo presbitério ou corpo de pastores e obreiros até chegar ao povo.

4. Deve-se tomar cuidado especial quando o sucessor é filho natural do sucedido. Nesse caso, o desafio de passar o bastão é maior, pois envolve a dificuldade de confundir os papéis de pai e pastor. Alguns pais podem achar que o filho é maduro e apto, quando não o é. Outros podem ter tanto receio de estar dando preferência injusta a um filho que o deixam de fora do ministério quando, de fato, ele está pronto para assumi-lo.
O desafio do pai é preparar o filho que já conhece muito bem, em todas as suas falhas pessoais e ministeriais. O desafio do filho é saber como se relacionar; se é com o pai, que está corrigindo um defeito em sua função familiar, ou se é com o pastor, que está preparando um discípulo para assumir seu lugar na obra de Deus.
A familiaridade e o conhecimento natural podem impedir o respeito, o reconhecimento e a honra de ambas as partes. Os dois terão de praticar o perdão e a reconciliação constantemente.

5. A missão maior da igreja, os valores e o DNA devem ser preservados. O sucessor precisa crer e estar comprometido com a missão específica da igreja local. Por exemplo, Moisés confiou a Josué a missão de levar o povo a conquistar a terra prometida. Davi confiou a Salomão a missão de construir o Templo.
Todo ministro, seja qual for a sua área, precisa ser capaz de colocar no papel a direção e o alvo de Deus para sua função específica na igreja. O pastor sênior precisa fazer o mesmo para a igreja local como um todo. Uma transição não deve mudar a direção da igreja. Modelos mudam, mas a missão maior, os valores e o DNA da igreja não devem ser alterados.
O novo líder precisa enxergar-se como quem está entrando numa corrida já iniciada, fazendo parte da continuação de algo a ser completado no futuro. É uma corrida de revezamento que já dura séculos e que só terminará na volta vitoriosa de Jesus. Nenhum corredor está livre para fazer o que bem entende ou iniciar algo totalmente diferente. Todo bom líder aprende primeiro a seguir. Paulo diz: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Co 11.1).

II. O processo de transição
1. Não se deve passar o bastão de forma precipitada, cedo demais. O próximo líder pode não estar pronto ainda, o que resultará em perda de impulso e dinâmica no avanço da igreja. Há um tempo certo para todas as coisas; o timing é muito importante, conforme se vê em Eclesiastes 3.1: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”. Um aspecto importante no timing é não divulgar o nome da pessoa antes da hora. Um princípio importante que nos ajudou bastante é este: as pessoas vão se qualificando ou desqualificando e, neste quesito, o tempo é nosso colaborador. Se você revelar o nome da pessoa antes da hora, poderá complicar muito o processo.
2. Numa corrida de revezamento, por alguns instantes, os dois corredores permanecem juntos dentro da “zona de passagem”. Ambos seguram o bastão até o momento em que um o soltará, deixando o outro livre para continuar. São apenas segundos numa corrida. Porém, quanto tempo é necessário para fazer a transição numa igreja ou ministério? Dependerá das pessoas envolvidas, do relacionamento entre elas e da orientação do Espírito Santo. Conhecemos uma igreja bem-sucedida que levou três anos; outra levou apenas um.
Na nossa comunidade, fizemos a transição em menos de um ano. Muitos autores consideram o período de dois anos um tempo adequado. O conceito de João Batista em relação a Jesus se aplica bem aqui: “Convém que ele cresça e que eu diminua”. Transições não devem ser abruptas, e sim uma progressiva entrega de tarefas, autoridade, responsabilidade e visibilidade no ministério até que o sucessor esteja fazendo tudo, e o povo consiga reconhecê-lo.

3. Os futuros líderes devem passar por um período de preparação. Muitas empresas praticam um processo em que candidatos são encaminhados a diversos departamentos para conhecer todo o funcionamento da empresa. Essa prática os prepara para um possível futuro na liderança plena da organização. Nossos sucessores na Comunidade Cristã de Curitiba são exemplos perfeitos desse processo. Eles já haviam servido como office-boy, secretária, ministro para jovens, na administração da igreja, como parte do presbitério e como missionários no Uruguai por cinco anos.

4. Seu sucessor não será uma réplica sua. Ele terá outros dons do Espírito e outros dons ministeriais. Precisamos lembrar que fazemos parte de uma obra progressiva de Deus para trazer seu reino a este mundo. Você fez a sua contribuição a essa obra, e agora Deus quer acrescentar algo diferente por meio de seu sucessor

5. O pastor a ser sucedido deve estabelecer um processo de transição que leve em conta estes aspectos: sua idade, eficácia no ministério, nível de energia, o bem-estar ou não da igreja (ela está crescendo, diminuindo ou estagnada?). No lado do sucessor, devemos examinar a idade, a experiência ministerial e até que ponto ele conhece as diversas facetas da igreja.

6. Princípio fundamental de uma transição bem-sucedida: o líder sucedido precisa dar espaço, até ausentar-se se necessário, para que o presbitério e a igreja possam entregar-se plenamente ao sucessor.
Jesus usou esse princípio: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (Jo 16.7).
A síndrome de “controle remoto” (líder se afasta, mas continua controlando as coisas de longe) impede qualquer inovação no ministério e qualquer possibilidade de sucesso da parte da nova liderança.
O verdadeiro objetivo da liderança é reproduzir-se. O papel do sucedido é cooperar para ver o êxito do sucessor. “Não há sucesso sem um sucessor que logre sucesso.”
Para soltar o bastão, é necessário ter “segurança interna”, saber que seu valor e significado não vêm de uma posição ou título, e sim de quem você é em Deus.
É importante que o sucedido tenha um plano, um novo foco ministerial e ou de vida pós-transição. Algumas possibilidades: (1) abandonar a função de pai espiritual e assumir a de avô, ou seja, deixar de ter envolvimento direto e ficar apenas à disposição para dar conselhos provenientes da experiência acumulada ao mesmo tempo em que desfruta de mais espaço para curtir o que Deus já fez ao longo dos anos; (2) dedicar-se a viagens ministeriais, escrever livros e exercer paternidade sobre as igrejas que o reconhecem.
Há muitas opções, mas é preciso haver planejamento. Sucesso não é só concluir uma tarefa magnífica; é cumprir o propósito de Deus a cada momento e a cada fase da vida. Qual é o “novo sucesso” que Deus está lhe preparando?

7. A importância da honra. Os líderes que estão recebendo um ministério precisam reconhecer que é essencial honrar aqueles que lhe entregaram o encargo. Quando percebemos que recebemos algo que começou antes de nós e que poderá ir muito além de nós (se fizermos a vontade de Deus), desejamos honrar nossos antecessores.
Quando os sucedidos são honrados, torna-se mais fácil para eles “abrir mão” da posição. Isso, por sua vez, facilita ao novo líder continuar honrando o antecessor, gerando respeito mútuo e apreciação.
É muito lindo – e sinal de sucesso na transição – quando um sucessor chega ao ponto de alimentar na Palavra o antecessor ou pai espiritual. O ciclo se completa. Somos gratos pelo relacionamento com os novos pastores Luiz e Eliane Magalhães. Nós os consideramos nossos pastores.

Conclusão
“Esforce-se para saber bem como suas ovelhas estão, dê cuidadosa atenção aos seus rebanhos, pois as riquezas não duram para sempre, e nada garante que a coroa passe de uma geração a outra”(Pv 27.23-24). Fazer bem a transição é ter cuidado do rebanho; não é só uma questão pessoal ou ministerial. Nem é uma escolha opcional; é essencial para poder dar continuidade ao plano de Deus na geração futura.
Se você tem 50 anos de idade ou mais, já deveria estar preparando-se em oração, vendo possíveis candidatos, provando bem o caráter deles, experimentando-os em diversas áreas da igreja e verificando como se relacionam com quem está acima e abaixo deles na estrutura hierárquica.
Minha oração é que Deus dê a cada pastor sênior e a cada líder de ministério coragem, graça e sabedoria para passar o bastão com êxito à próxima geração no tempo certo.


Quem dera muitos pensassem nisso!!!!

Pr. Marcos Serafim Silva 


Fonte : www.revistaimpacto.com.br/reflexao-passando-o-bastao-ministerial 

4 de nov. de 2013

Deserto: A escola de Deus



Texto base : Deuteronômio 8: 1- 6)

Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para cumpri-los; para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o Senhor jurou a vossos pais.
E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não.
E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.
Nunca se envelheceu a tua roupa sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos.
Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus.
E guarda os mandamentos do Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos e para o temeres.

Introdução
Deserto, em geografia, é uma região que recebe pouca precipitação pluviométrica. Muitos desertos têm uma média anual de precipitação abaixo de 400 milímetros (16 in). Como conseqüência, os desertos têm a reputação de serem capazes de sustentar pouca vida. Comparando-se com regiões mais úmidas isto pode ser verdade, porém, examinando-se mais detalhadamente, os desertos freqüentemente abrigam uma riqueza de vida que normalmente permanece escondida (especialmente durante o dia) para conservar umidades. Aproximadamente 20% da superfície continental da Terra é desértica.
As paisagens desérticas têm alguns elementos em comum. O solo do deserto é principalmente composto de areia, com freqüente formação de dunas. Paisagens de solo rochoso são típicas, e refletem o reduzido desenvolvimento do solo e a escassez de vegetação. As terras baixas podem ser planícies cobertas com sal. Os processos de erosão eólica (isto é, provocados pelo vento) são importantes fatores na formação de paisagens desérticas.
Os desertos algumas vezes contêm depósitos minerais valiosos que foram formados no ambiente árido ou que foram expostos pela erosão. Por serem locais secos, os desertos são locais ideais para a preservação de artefatos humanos e fósseis. Sua vegetação é constituída por gramíneos e pequenos arbustos, é rala e espaçada, ocupando apenas lugares em que a pouca água existente pode se acumular (fendas do solo ou debaixo das rochas). As maiores regiões desérticas do globo situam-se na África (deserto do Saara) e na Ásia (deserto de Gobi).
A fauna predominante no deserto é composta por animais roedores (ratos-cangurus), por répteis (serpentes e lagartos), e por insetos. Os animais e plantas têm marcantes adaptações à falta de água. Muitos animais saem das tocas somente à noite, e outros podem passar a vida inteira sem beber água, extraindo-a do alimento que ingerem.
Deus treina seus líderes mais importantes na escola do deserto. Moisés, Elias e Paulo foram treinados por Deus no deserto. O próprio Jesus antes de iniciar o seu ministério passou quarenta dias no deserto. O deserto não é um acidente de percurso, mas uma agenda de Deus, a escola de Deus. É o próprio Deus quem nos matricula na escola do deserto. O deserto é a escola superior do Espírito Santo, onde Deus trabalha em nós antes de trabalhar através de nós. Deus nos leva para essa escola não para nos exaltar, mas para nos humilhar. Essa é a escola do quebrantamento, onde todos os holofotes da fama se apagam e passamos a depender total e exclusivamente da graça de Deus e da provisão de Deus e não dos nossos próprios recursos


1-      Tempo de estar a sós com Deus
Por isso, a atrairei, conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração! (Oseias 2,16)

Deus nos leva para o deserto para ficarmos um tempo a sós com Ele, Deus usa esse tempo para falar-nos ao nosso coração. No deserto Deus vai nos humilhar, as nossas expectativas muitas vezes foge a inteligência racional, Ele não vai nos destruir, vai nos restaurar, para nos levar à um lugar de excelência.
Esse tempo é para aprendermos a ter intimidade com Deus, viver em sua total dependência, analisarmos e valorizarmos coisas que até então não daríamos tanta importância.
Jó se manteve integro durante toda sua vida e Deus honrou sua persistência em confiar nele. Mesmo sofrendo ataques devastadores em sua vida pessoal, profissional e familiar, Jó soube lidar com sofrimentos aos quais muitos de nós nem ousamos imaginar. Sua persistência, milhares de anos depois, nos ajuda a entender melhor o nosso Deus e a nós mesmos.
Jó é um autêntico herói da Fé. Ferido, falido, arrasado e caluniado, nosso herói manteve-se firme mesmo quando não havia perspectiva alguma de mudança e Deus parecia estranhamente distante. 
Este homem viveu com dor insuportável e tristeza de coração. Olhe para ele entre as ruínas da sua vida: sentindo-se abandonado, esmagado pela aflição, os céus parecendo repelir suas orações. Jó passou noites sombrias sem dormir, e dias terríveis, dolorosos. A dor era tão grande que pediu a Deus que tomasse sua vida. Ainda assim, durante todo o ocorrido, Deus ainda o amava. De fato, Jó nunca foi tão precioso na visão de Deus, do que no meio da sua tribulação.
Sei bem o que estou falando, pois tenho vivenciado isso, amigos fogem, próximos desaparecem, há os que criticam, há os que menosprezam, há os que falam aleatoriamente, e muitos poucos estendem a mão para ajudar, uma porque é mais fácil criticar. Tudo o que se consegue ver é um amontoado de areia, porém o guarda de Israel não dormita, Ele tudo vê, e no momento certo vai entrar com a solução necessária, portanto desistir nunca, render jamais.       
A vida é a professora mais implacável: primeiro dá a prova, e depois a lição. C. S. Lewis disse que “Deus sussurra em nossos prazeres e grita em nossas dores”. Paulo fala sobre um sofrimento que muito o atormentou: o espinho na carne. Depois de ser arrebatado ao terceiro céu, suportou severa provação na terra. Há um grande contraste entre estas duas experiências de Paulo. Ele foi do paraíso à dor, da glória ao sofrimento. Ele experimentou a bênção de Deus no céu e bofetada de Satanás na terra. Paulo tinha ido ao céu, mas agora, aprendeu que o céu pode vir até ele.

2-      Deus só leva ao deserto quem ele deseja usar

Todas as pessoas que foram treinadas por Deus no deserto foram grandemente usadas por Deus. Quanto mais intenso é o treinamento, mais podemos ser instrumentalizados pelo Altíssimo
O deserto é necessário. Se todas as coisas colaboram para o bem daqueles que amam a Deus, ir para o deserto é algo bom. Jesus foi para lá antes de iniciar o seu ministério terreno. Neste tempo, Ele ficou em oração e comunhão com seu Pai, preparando-se para a grande obra que viria a ser feita. Lembre-se, portanto, de consultar o Pai antes de qualquer empreitada, seja ela grande ou pequena. O Espírito Santo impeliu Jesus a um lugar onde ele pudesse ficar em contato maior com Deus Pai. Assim Ele impelirá cada um dos seus filhos, os quais são habitados por Ele, a buscá-lo cada vez mais. E às vezes isto significa que o Pai poderá colocá-lo em situações difíceis. Mas junto com a provação, ele dá também o livramento (1 Coríntios 10:13)
No deserto Moisés se encontra com Jetro, e para morar em Midiã teria que aprender a ser um pastor de ovelhas. Um homem que viveu no palácio do faraó, tendo como mãe a filha de faraó, acostumado com banhos de perfumes e regalias, agora fede a esterco e urina de ovelha, e de novo ele ouve falar de tal de Jeová, que ele nunca conheceu e nunca falou com ele.
Todo momento creio que Moises mesmo sem conhecer a Deus ele o questionava, talvez dizendo: “se tu existes mesmo, porque não se revela a mim e me diz quem eu sou?”, ou “Porque deixou que tudo isso acontecesse comigo?” ou tantas outras perguntas que uma pessoa em um conflito interior faria. A geografia da região do Monte Horebe e descobri que aquela região não é um local de vastos pastos, e que se o local não possuía pastos, então, porque Moisés levaria um grande rebanho para aquela região. Creio que ele chegou a um ponto extremo, onde o conflito interior que ele passava era tamanho que ele, Moisés, já não agüentava mais. O nome do filho de Moisés era Gérson, que significa estrangeiro, peregrino. Esta era a situação que Moisés se via no deserto, peregrino, sem pátria, sem família.
 O deserto para Moisés foi um lugar onde Deus escolheu para dar treinamento em seu futuro ministério, a escola de Deus  onde ele passaria quarenta anos pastoreando ovelhas e aprendendo ouvir  e obedecer  com fidelidade a voz d e Deus.
Pois foi ali onde Moisés aprendeu a ter consistência caráter e fibra para enfrentar e superar os grandes problemas que viriam pela frente executando a obra do Senhor a sua maneira.
O palácio nos prepara na cultura, nos estudos, nos enche das coisas desta vida, dos valores deste mundo.
O deserto nos prepara no caráter, aprendemos a depender de Deus, aprendemos ouvir Deus, passamos a nos conhecermos melhor. Aprendemos o quanto às pessoas são importantes para Deus.
Os anos em Midiã terminaram com uma experiência notável no Monte Horebe. Deus lhe falou do meio de uma sarça ardente, identificando-se como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Declarou-lhe que ouvira o clamor do seu povo no cativeiro e havia escolhido Moisés para libertá-los, garantindo-lhe que Ele mesmo seria o guia desse grande empreendimento (Êx. 3). Deus estava Se revelando para ele, revelando toda Sua santidade, Sua misericórdia, Seu poder, Seu nome, Seus propósitos e Sua forma de agir.

3-      Deserto não é para morrer, e sim tempo de aprender
Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. (Mateus 4:1)

O sofrimento aqui é inevitável. Ainda não chegamos ao paraíso. Aqui não é o céu. Porém, o sofrimento não hasteará sua bandeira em nosso lar eterno. Lá Deus enxugará dos nossos olhos toda a lágrima. Lá a dor não mais açoitará nosso corpo. Lá desfrutaremos da bem-aventurança eterna. Aqui cruzamos vales escuros, marcharmos por desertos tórridos e atravessamos pântanos perigosos. Mas, lá receberemos um consolo eterno, uma alegria sem fim, uma glória que jamais se contou ao mortal. O deserto não é Canaã, mas conduz a ela. Ainda não estamos no céu (a Canaã celestial), mas caminhando para ele sofrendo as agruras do deserto e aprendendo as lições de um mundo árido, sem justiça e sem temor a Deus.
Nos desertos das lutas, das dores, das dificuldades é que ficamos a sós com Deus e provamos se a nossa fé é verdadeira. Não se desespere diante dos dramas da vida. Não perca a esperança diante das circunstâncias adversas. Não duvide do amor de Deus por causa da dor que assola seu peito. Deus nunca vai desamparar você. Ele está do seu lado como seu refúgio e fortaleza. Você vai caminhar para a pátria celeste de força em força, de fé em fé, sendo transformado de glória em glória. Deus segurará firme a sua mão até receber você na glória. Então, a noite escura da alma desembocará na manhã gloriosa de uma eternidade de gozo e paz!
·          Deus prove água
·          Deus prove alimento
·          Deus prove proteção

4-      Deserto e um tempo transitório  
Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques. (Salmos 84:6)
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. (Salmos 23:4)

Esta situação de deserto é uma situação transitória. Não é ponto de chegada, mas de passagem. Não é opção de vida nem termo de um caminho. O deserto não é uma pátria, mas somente um percurso, um caminho que conduz ao conhecimento do amor misericordioso de Deus e onde se realiza a formação do homem. Deus revela-se no isolamento do deserto, mas essa revelação é em ordem à missão no meio do mundo. Portanto o deserto não é uma fuga, local de paragem, mas uma travessia, lugar de passagem...
O despojamento a que o homem é submetido no deserto permite-lhe não só conhecer a verdade acerca de si próprio, mas também a verdade acerca de Deus que é Amor. Deus, com feito, responde com amor e com paternal solicitude ao pecado e á fraqueza do Homem. Ao povo que se revolta e peca, Deus responde com o milagre do maná e da água de que tanto careciam nesse momento. O povo eleito era conduzido por Deus. Deus era visível e, ao mesmo tempo, mantinha-se velado por trás da nuvem e do fogo.  O deserto revela ao homem a verdadeira identidade de Deus, o Totalmente Outro (que se nos escapa) e o Emanuel que está conosco. É no claro-escuro da fé que o homem caminha na descoberta de Deus. No deserto Deus se revela como alguém que guia, conduz, sustenta e chama. Aí o homem descobre a radicalidade da sua entrega que se lhe exige, a confiança total n’Aquele que guia o seu Povo. Na sua fragilidade, o homem atira-se para Deus, sabendo-se uma pequenez amada por Deus. Foi na sua fragilidade que o povo eleito descobriu o verdadeiro mistério de Deus. Se experimentares a fraqueza própria, significa que Deus te chama a lançares-te nos braços da sua misericórdia.

 5-      Deserto e um tempo que se podem vivenciar milagres
E falaram contra Deus, e disseram: Acaso pode Deus preparar-nos uma mesa no deserto? (Salmos 78:19)
 Abraão passou pelo deserto quando seguia para o monte Moriá, levando seu único filho, o filho da promessa, o qual Deus havia dado. Imagine a dor de caminhar para o local onde você com suas próprias mãos mataria seu filho por ordem de Deus, nós sabemos claramente que Deus não aceita sacrifício de humanos, mas que Ele resolveu testar Abraão, que cumpriu e executou todas as ordens de Deus sem reclamar, quem pode imaginar a dor quando perguntou Isaque a seu pai “temos a lenha e o fogo, mas onde está o cordeiro?” E Abraão disse: “ Deus proverá o cordeiro”, Abraão tinha fé, acreditava em Deus, e sabia que ele tinha poder de ressuscitar seu filho mesmo se ele fosse sacrificado, e por isso Abraão é chamado pai de fé, pois creu em Deus e foi além do racional, se entregou a Deus adentrou no deserto e teve a vitória, sendo chamado como aquele que era amigo de Deus.
  
6-      O deserto não é um acidente de percurso, mas uma agenda de Deus, a escola de Deus. É o próprio Deus quem nos matricula na escola do deserto.
Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo. (Isaías 43:19)
Eu te conheci no deserto, na terra muito seca. (Oséias 13:5)

Ninguém é levado para o deserto por acaso, coincidência, mero destino, mas por uma definição e agenda do próprio Deus. Ele não nos leva para morrer e sim para aprendermos a viver na total dependência d’Ele. Existem razões para cada um enfrentar o deserto, várias maneiras de Deus nos matricular nesta escola, que sempre será de aprendizado; o caminho do deserto é desconhecido por nós porem o Deus que nos guia através dele sabe cada metro, Ele conhece todos os caminhos, e com certeza providencias surgirão no caminho.
O caminho é árido, desconhecido, inóspito, todavia serve para Deus moldar nossas ações, nosso caráter, nosso egoísmo, nossa auto-suficiência, é por meio do deserto que aprendemos a dar valor às coisas mais simples.
Deus nos protegerá com sua nuvem não uma nuvem qualquer, fala da nuvem que estava sobre o tabernáculo. Não sabemos como era essa nuvem, não conhecemos sua forma; se era um grande cúmulo (nuvem branca, formada de elementos que lembram flocos de algodão) ou se ela se estendia sobre o arraial como um imenso guarda-chuva para cobrir o povo do sol, porém o que podemos dizer é que era uma nuvem especial onde abrigava a presença de Deus, era o símbolo real dessa presença majestosa e divina, podemos afirmar que era mais do que isso, era à sombra do próprio Deus sobre o seu povo. E, quando estava noite, a coluna de fogo providenciava luz e calor para proteger o povo do frio e fazê-lo enxergar o caminho à noite, a coluna de fogo serve para proteção durante as noites frias e eternas que o deserto nos proporciona
Os desertos se interpõem entre os sonhos e as conquistas. Também se instalam entre a esperança e o cansaço; entre as doenças e a cura; entre as crises e as soluções. Sua travessia quase sempre é perigosa, no entanto é profundamente necessária para o encontro com a paz e o refrigério, pois a palavra de Deus diz que aquele que habita no esconderijo do Altíssimo a Sombra do Onipotente descansará, terá sua total dependência em Deus. 
Atravessamos desertos quando vivenciamos crises profundas; quando choramos a dor de um amor destruído; a solidão do abandono, a rejeição dos amigos e familiares; as perdas inesperadas e o luto que nos arranca um pedaço d'alma. É o deserto escaldante, a depressão que nos sufoca, como também a agonia existencial que nos empurra para os corredores da morte.
Todas as vezes que nossos pés reclamarem das areias escaldantes, e nos sentirmos perdidos, como quem caminha sem direção; sempre que o calor das experiências negativas, tornar insuportável nossa caminhada; quando, enfim, a exaustão e o desencanto revelarem-se inevitáveis, não há porque ceder ao desespero - Deus está por perto. Aliás, Ele está por cima, como uma nuvem, encharcada de esperança, repleta daquela água divina, a única capaz de molhar não somente o chão, mas também a alma e o coração. Daí o Salmista afirmar: "Ele refrigera a minha alma".

Conclusão
Perceba, portanto, que o deserto é um lugar de tratamento, fortalecimento e crescimento espiritual.
Por exemplo, é no deserto que Deus trata nosso orgulho, pois na dificuldade percebemos que não somos autossuficientes e precisamos de Deus e de nossos irmãos.  É no deserto que Deus trata a nossa cobiça, pois percebemos que os bens mais essenciais da vida não podem ser comprados. No deserto aprendemos a ter mais compaixão pelo próximo, pois sentimos na pele como é doloroso passar por alguns obstáculos. E tantos outros conhecimentos nos são acrescentados em meio ao deserto. O deserto é, portanto, uma providência divina para tratar nosso eu interior, fazendo com que nos tornemos pessoas melhores e capacitadas para lidar com todas as bênçãos que Deus quer nos entregar. Passar pela aridez do deserto é cansativo, difícil, dolorido. Mas a recompensa é e sempre será um ser humano melhor, que sabe batalhar, que sabe superar seus próprios limites. Então, se você está passando por um deserto nesse momento, tenha calma. Confie no Senhor e se esforce para aprender tudo àquilo que Ele quer te ensinar, pois quanto mais rápido aprender, mais rápido sairá do deserto.
E sabe o que é melhor em tudo isso? Que após sair do deserto, Deus entregará grandes presentes em tuas mãos

Pelo Calvario, maior expressão do amor de Deus;

Pr. Marcos Serafim Silva 
Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/
http://hernandesdiaslopes.com.br/2010/11/a-escola-do-deserto/#.UjB9u9iQuho
FRANCISCO PÉREZ SANCHEZ, EL desierto, lugar de encuentro, in Vida Nueva, Pliego (18.03.1995); TADEUSZ DAJCZER, Meditações sobre a fé,Ed.Paulinas 1995
http://sermons.worldchallenge.org/pt/node/2956#sthash.ncM5R7TI.dpuf