“E entrou Jesus no
templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e
derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
E disse-lhes: Está
escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido
em covil de ladrões.” (Mateus 21.12;13)
“Com a
corrupção morre o corpo, com a impiedade morre a alma” (Agostinho)
O templo de Jerusalém consistia
de um santuário interno (chamado de naos), rodeado por uma serie de pátios. Pela
ordem decrescente, eram o pátio dos sacerdotes dos israelitas, o das mulheres e
o dos gentios.
A área total do templo era designada
por hieron. Foi um pátio externo que as autoridades as autoridades do templo
mandaram armar tendas (chamadas de “bazares de Anás”; pertencentes à família do
sumo sacerdote) para fornecer animais aprovados para os sacrifícios, e onde se
praticava o cambio de moedas estrangeiras por dinheiro aceitável, para o
pagamento do imposto do templo (meio siclo, cp 17:24).Visto que a maior parte
das moedas traziam estampas de símbolos pagãos, essas não eram aceitáveis. A tradição
rabínica dizia que o imposto do templo, deveria ser pago com uma moeda de prata
da Tíria, de alta qualidade, denominada tetradracma.
Entrou Jesus no templo (no pátio
dos gentios) e expulsou a todos os que ai vendiam e compravam.Ele derrubou as
mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. É muitíssimo provável
que as transações comerciais no templo favorecessem bastante os sacerdotes.
Cobrava-se determinada comissão no cambio de moedas, e os animais eram vendidos
a preços elevados. Por exemplo, os pombos, que podiam ser sacrificados pelos
que eram bem pobres, e não podiam comprar um cordeiro, eram vendidos no templo
por um preço varias vezes maiores que o preço praticado no mercado (cp.
Barclay, vol.2, p.245).
Está escrito, disse Jesus, que
a minha casa será chamada de casa de oração. Entretanto, os homens a
transformaram em covil de ladrões (v.13).
O primeiro enunciado vem de
Isaias 56:7, que diz que a casa de Deus deve ser “casa de oração para todos os
povos”. Aos gentios não se permitia ir além do pátio externo: não podiam entrar
no santuário. Era ali que a comercialização corria desenfreada – dificilmente poderia
dizer que era uma casa de oração para quem não fosse judeu. O segundo enunciado
vem de Jeremias 7:11, Beare faz um comentário sobre o ambiente do texto de Jeremias,
qual nos fala nos fala de adoradores que cometiam toda sorte de perversidades( “furtareis
vós,e matareis e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis
incenso a Baal, v.9) e no entanto compareciam a casa de Deus. A eles diz Deus: “É
esta casa , que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos
olhos?” Para Jeremias , “os delinqüentes” eram as pessoas que vinham cultuar,
não os negociantes que operavam como concessionários. (Beare, p.417).
Na manhã de segunda-feira(Mc
11.12) , Jesus continua a obra da moralização do templo, que havia dado início ao
Seu ministério em Jerusalém, três anos antes (João 2.14). A profanação passou a
invadir novamente o recinto sagrado.
Era necessário haver certa
transação financeira para se poderem vender sacrifícios e cambiar moedas do
templo com os vinham de longe. Não era, porem, correto ocupar o recinto inteiro
com extorsionários que roubavam o dinheiro dos peregrinos. O culto estava
tornando-se apenas uma desculpa para o comercio fraudulento: a venda dos
animais cultualmente aceitáveis nas urnas (caixa das ofertas), por serem
cunhadas com imagens do imperador (que era tido por um deus) ou de varias
divindades.
Os cambistas – Este serviço era necessário por que os impostos
tinham de ser pagas em moeda corrente, mas essa pratica tinha se tornado tão
corrupta que Jesus a descreveu como “covil de salteadores”(V 17; Lc. 19.45-46).
Jesus está também julgando as famílias sumo sacerdotais dos saduceus, que não
harmonizavam com o caráter do Pai, de quem era a casa.
O comentário Bíblico Moddy diz:
Covil de salteadores – Um refugio
para ladrões, cuja praticas infames eram protegidas pelos preceitos sagrados.
Essas atividades comerciais
exercidas dentro da casa de Deus frustravam as pessoas que procuravam adorá-lo.
Isso com certeza deixaram Jesus enfurecido. Qualquer pratica que possa interferir na adoração deve ser
imediatamente interrompida.
“Corrupção,
a partir de certo nível, exige que todos sejam corruptos. Quem se recusa é alvo
de pressões insustentáveis. É um processo de seleção negativo. (Ladislau Dowbor)
“
A
corrupção não deixa provas, mas nem sempre desfaz rastros e evidencias” (B. Calheiros Bonfim)
Para espanto de alguns de nós fiéis mais antigos, de repente
Deus e Mamon são misturados em igrejas
dos mais diferentes títulos, em práticas escusas e na ostentação da liderança
pelo vil metal. Já não temos as sandálias do pescador ou a humildade do Mestre
da Galiléia. Dinheiro fácil na religião. Massas incautas iludidas na esperança
da barganha com Deus. Investem-se dez por cento da renda, ou um pouco mais como
sacrifício para que Deus devolva em muito mais. Parece um negócio lucrativo. A
religião torna-se, como nos dias do Mestre, covil de ladrões e salteadores.
Uma espécie de
torpor religioso invadiu o ambiente, instilado na televisão e na mídia por
estrelas que se intitulam vindas de Deus a fim de trazer ao povo a desejada
prosperidade que, no dizer deles, virá da divindade para resolver de maneira
milagrosa tudo o que se desejar, mediante ao que chamam de fé. Invoca-se a
Velha Aliança, fantasiam-se estórias e o povo vibra.
Mas o cristianismo do Cristo, manso e humilde,
santo e puro, de amor e de misericórdia, não mais é anunciado. O foco agora é o
individuo, egoísta, ególatra e egocêntrico. Quando seu ego é massageado sua
carteira se abre e ele doa, não importando se para comprar aviões, helicópteros
ou carrões importados. Líderes maiores são escoltados por homens armados,
temendo represália de outros bandidos que também querem riqueza fácil. E tudo
em nome de Deus. O Deus de Israel. Mas Este tem um Filho, que salva pecadores,
ama os pobres, anda de sandálias, foi sepultado em sepultura emprestada e que
disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.
“Qualquer semelhança e mera coincidência”.
Em Cristo,
Pr. Marcos Serafim Silva
Consultas:
1985,1991, por
Robert H. Mouche – Hendrickson Publishers
http://www.recantodasletras.com.br\autores\prserafimisidoro
Bíblia de Estudo de Genebra
Bíblia Shedd