Por Ivana Alves |
Pelo que também Deus os
entregou aos desejos dos seus corações, à imundícia, para desonrarem o seu
corpo entre si (Romanos 1.24).
Atentado violento ao pudor, prostituição, crime de pornografia, seja lá o nome
que se possa dar, uma nova prática vem ganhando milhares de adeptos em todo o
mundo, inclusive no Brasil: é o chamado Sexting, combinação das
palavras "sex", sexo, e "texting", que designa a troca de
mensagens de texto via celular.
Moças (em sua maioria) e rapazes estão, cada vez mais, embarcando no terrível
engano de enviar por meios eletrônicos (como smartphones ou computadores),
fotos em que estão nus ou seminus para os namorados ou alguém em que estejam
interessados sexualmente.
O que leva os adolescentes e jovens, incluindo evangélicos, infelizmente, a
agirem dessa maneira? O que realmente está por trás dessa nova forma de
relacionamento? Seria essa uma maneira de expressarem a sua sexualidade sem que
houvesse contato físico, para que apenas a pessoa que realmente importa para
eles os visse? Seria uma maneira de revelar seus atributos físicos para
estimular o outro a buscar um relacionamento de intimidade e confiança com
eles? O que se passa na mente dos jovens para dar lugar a esse comportamento?
Talvez possamos dizer que a culpa é da pós-modernidade e das múltiplas
possibilidades trazidas por ela, no que tange à extensão da capacidade de
realização do homem. A internet, por exemplo, encurtou barreiras geográficas e
aproximou pessoas, mas também tornou as relações mais voláteis. Em vez de
produzirem realização, produzem relacionamentos momentâneos, superficiais e
frágeis.
Ao lermos a Bíblia Sagrada, chegaremos à conclusão de que esse não é um assunto
novo. Embora as novas tecnologias de informação e comunicação tenham decretado
a morte da distância e ajudado a trazer um novo “pano de fundo” para o assunto,
a situação não é nova. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, no capítulo
1, fala sobre a depravação dos gentios. Esse comportamento em nada difere do
que testemunhamos hoje.
Muitos podem pensar que o Sexting é apenas uma espécie de
flerte; algo inofensivo, pois teria apenas como objetivo atrair a atenção do
sexo oposto pelos dotes físicos de quem envia a foto ou mensagem. Nisso, porém,
reside um grande engano: além de promoção da pornografia, essa nova modalidade high
tech de publicidade sexual tem contribuído para disseminar outra
prática igualmente nefasta: a pedofilia, já que muitos dos que estão sendo
enredados por esta prática são menores de idade.
A verdade é que o homem sem Deus perde o referencial de justiça. Daí, o que
passa a reger o seu coração é a lei do pecado e da morte, na qual um abismo
chama outro abismo, e o resultado é que o homem se vê num buraco sem fundo e
sem saída.
Como podemos interpretar a mensagem que esses adolescentes e jovens estão
enviando ao postarem fotos de seus corpos nus na prática do Sexting? Parece
um apelo. Um pedido surdo de ajuda. Querem ser amados, vistos. Ao exporem seu
corpo para ser desejado pelo outro, parece que anseiam ouvir como resposta que
eles têm algum valor, que são importantes, queridos. Mentira. Ilusão. Engano! O
resultado tem sido que muitos jovens acabam sofrendo o chamado cyber
bullying, pois sua imagem por vezes é divulgada e compartilhada nas redes
sociais, servindo de escárnio, motivo de chacota e comentários depreciativos.
Na web, não raro, perde-se o controle do material postado. E o que pode
acontecer? É importante saber que hoje as redes sociais funcionam como uma
espécie de currículo, no qual seu futuro empregador, seu futuro marido (a quem
você poderá, com a bênção de Deus, revelar os segredos do seu corpo) ou quem
sabe, seus filhos, poderão ver seu histórico de vida.
Sabemos de vários casos de suicídio, causado pelo fato de a vítima, ao ser
exposta, não suportar o peso da vergonha da exposição, ou ainda, na outra
ponta, a prisão pela divulgação de imagens pornográficas.
O que diferencia o ser humano dos animais é a fala, a inteligência, a razão,
porém estamos vendo um homem agindo em busca da satisfação de “instintos” cada
vez mais primitivos. Ele tem agido com base em uma crença de pseudoliberdade,
buscando a liberação de valores, referenciais e culturais (“efeito colateral”
da globalização). Esse ser humano perdeu sua identidade e agora pretende ser o
que quiser, sem saber ao certo o quê... No que diz respeito à sua sexualidade,
ele tem demonstrado não se importar com o que Deus determinou em relação a ser
homem ou mulher. Para ele, tudo o que existe é orientação sexual, e o que importa
é a busca pelo prazer.
A essa moça ou esse moço, entregue a si mesmo, sem limites, sem regras,
acrítico, não regido por leis divinas (nem humanas), mas pela lei do pecado,
revelando um comportamento delirante, psicotizante, no qual o que importa é o
querer e basta querer que, certamente, haverá um “kit” de um novo ser no
mercado para vender, uma advertência: o preço dessa prática que você julga
aparentemente inocente pode custar-lhe um preço muito alto. Cuidado!
Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se
desviam; nada se me pegará
(Salmo 101.3).
A autora é psicóloga, pós-graduada em Docência do Ensino Superior, formada em Teologia, palestrante e professora de Escola Dominical de adolescentes na Assembleia de Deus Vitória em Cristo.