Já sabemos que doutrinas bíblicas não têm nada haver com usos
e costumes.
Mas ainda tem muita gente ensinando equivocadamente costumes
como regra doutrinaria o que no tempo presente é inaceitável. Embora a
liderança da igreja saiba que não dá para comparar os primórdios da Assembléia
de Deus no Brasil dos idos de 1910 ao tempo presente, pois os costumes
brasileiros de lá para cá mudaram muito.
A mentalidade é outra, a igreja vive uma fase diferente, os
membros estão atentos tanto secularmente quanto doutrinariamente, sabem
perfeitamente o que é imposição humana e o que é posição doutrinaria e sabem
que devem fazer tudo com moderação.
Existem alguns lideres das Assembléias de Deus que de forma
presunçosa ainda acham que somos melhores, perfeitos, modelo para as demais
denominações, quando sabemos que falta muito para melhorar nossa
denominação.
Jargões na forma de eufemismo chamando outras
denominações de “costumes de samaritanos”, da idéia de desprezo, de arrogância,
de estarmos acima de tudo e todos. Ao passo que entoamos em nossa liturgia de
culto vários corinhos advindos dos “samaritanos”, porque será? Imitação? Ou falta
de capacidade para compor hinos! Prefere-se dizer que paulatinamente estamos a
imitar e aceitar os costumes dos samaritanos.
Vale lembrar que nossos púlpitos estão cheios de hinos
triunfalistas, sem conteúdo e contexto bíblico algum, salvo uns e outros. Mas é
mais fácil criticar do que olhar para nossos erros, e vermos que entre nós há muito
que ser feito para melhorar.
O mal pode estar então em bater palmas; pura hipocrisia! Não
fazemos para Deus como diz o Salmo 47.1 – “Batei palmas, todos os povos;
aclamai a Deus com voz de triunfo”, por se tratar de um costume dos
samaritanos, mas aplaudimos outras coisas muito menos relevantes, porem a
bíblia fica para depois.
Temos regras, e isso é bom, pois a palavra de Deus diz para
fazermos tudo com ordem e com decência, mas infelizmente não são aplicadas, por
exemplo, na época eleitoreira, pode-se alterar a regra, e falar abertamente de
política em cima do púlpito, que mal me pergunte isso também não é “costume de
samaritano”?
Algumas coisas me deixam intrigado, pigode pode? Barba não!
Porque é bode quem deixa a barba crescer, como se isso fosse regra para a
salvação, Charles Haddon Spurgeon (Considerado por muitos “O príncipe dos
pregadores”), suas
fotografias denunciam que ele sempre está de barba, pobre Spurgeon, não se
enquadraria em nossas regras!
O que dizer então de nossa liturgia de culto? Carregada
de grupos musicais, que por vezes geram conflito entre si por não aceitar
pequena participação na liturgia, e quando não há intriga para ver quem se sai
melhor. Os hinos nessa liturgia em sua grande maioria são dos chamados
“samaritanos”, com pouquíssimo espaço de tempo para a palavra, depois os
samaritanos é que são culpados. No lado oposto estão os “samaritanos” usam
grande tempo para a Palavra, atentos a preleção (inclusive no púlpito) não
ficam conversando o tempo todo como se estivessem numa feira livre tudo isso vejo infelizmente em minha denominação e
o mais desagradável de tudo é que alguns nem sequer participam das reuniões
mais ficam com suas agendas nas mãos procurando compromissos.
Se caminhássemos em
igualdade como alguns deles (samaritanos) confesso que estaríamos bem melhor do
que estamos, pelos menos eles não tentam nos imitar, e sim nos que
os imitamos então quem são os samaritanos? É
verdade púlpito não é lugar para apresentador de auditório, nem tão pouco
picadeiro de circo, só esqueceram-se de avisar alguns que os utilizam cheios de
costumes, jargões de efeito, descontextualizado com a palavra de Deus, mas ninguém
é irrepreensível, Paulo diz aos irmãos tessalonicenses: “Examinai tudo. Retende
o bem”.
Será que os chamados “samaritanos”, são todas as outras denominações
que não compactuam com a doutrina empregada pela Assembleia de Deus? Não tenho
nada contra nossos irmãos tradicionais, mas se julgarmos todos como “samaritanos”,
como ficam os pregadores tradicionais que estão nos nossos púlpitos ensinando,
e com maestria, diga-se de passagem, pelos menos eu gosto de ouvi-los. Seriam
então dois pesos e duas medidas na Assembleia de Deus.
É claro que precisamos voltar urgentemente ao altar da
oração, da verdade, da sinceridade, não são homens que promovem conversões e avivamentos,
sim o Espírito Santo é quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo, é
o Espírito que atua através da palavra no coração do homem. Shows, eventos,
malabarismos teológicos, curas duvidosas e outras coisas não são parâmetros para
a salvação, para salvação a palavra de Deus diz em Atos 4:12
que : “em
nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há,
dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.
Acontecerá sim um verdadeiro avivamento quando deixarmos
de lado a pompa e a hipocrisia que nos cerca e nos curvarmos em oração e
mergulharmos na genuína raiz da palavra de Deus.
Que Deus nos guie através de seu Santo Espírito a
compungirmos e rasgarmos os nossos corações, pois “Os sacrifícios para Deus são
o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó
Deus”.
n’Ele
Marcos Serafim Silva