4 de jul. de 2014

Sexting

Por Ivana Alves



Pelo que também Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si (Romanos 1.24).

Atentado violento ao pudor, prostituição, crime de pornografia, seja lá o nome que se possa dar, uma nova prática vem ganhando milhares de adeptos em todo o mundo, inclusive no Brasil: é o chamado Sexting, combinação das palavras "sex", sexo, e "texting", que designa a troca de mensagens de texto via celular. 

Moças (em sua maioria) e rapazes estão, cada vez mais, embarcando no terrível engano de enviar por meios eletrônicos (como smartphones ou computadores), fotos em que estão nus ou seminus para os namorados ou alguém em que estejam interessados sexualmente. 

O que leva os adolescentes e jovens, incluindo evangélicos, infelizmente, a agirem dessa maneira? O que realmente está por trás dessa nova forma de relacionamento? Seria essa uma maneira de expressarem a sua sexualidade sem que houvesse contato físico, para que apenas a pessoa que realmente importa para eles os visse? Seria uma maneira de revelar seus atributos físicos para estimular o outro a buscar um relacionamento de intimidade e confiança com eles? O que se passa na mente dos jovens para dar lugar a esse comportamento?

Talvez possamos dizer que a culpa é da pós-modernidade e das múltiplas possibilidades trazidas por ela, no que tange à extensão da capacidade de realização do homem. A internet, por exemplo, encurtou barreiras geográficas e aproximou pessoas, mas também tornou as relações mais voláteis. Em vez de produzirem realização, produzem relacionamentos momentâneos, superficiais e frágeis. 

Ao lermos a Bíblia Sagrada, chegaremos à conclusão de que esse não é um assunto novo. Embora as novas tecnologias de informação e comunicação tenham decretado a morte da distância e ajudado a trazer um novo “pano de fundo” para o assunto, a situação não é nova. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, no capítulo 1, fala sobre a depravação dos gentios. Esse comportamento em nada difere do que testemunhamos hoje.

Muitos podem pensar que o Sexting é apenas uma espécie de flerte; algo inofensivo, pois teria apenas como objetivo atrair a atenção do sexo oposto pelos dotes físicos de quem envia a foto ou mensagem. Nisso, porém, reside um grande engano: além de promoção da pornografia, essa nova modalidade high tech de publicidade sexual tem contribuído para disseminar outra prática igualmente nefasta: a pedofilia, já que muitos dos que estão sendo enredados por esta prática são menores de idade. 

A verdade é que o homem sem Deus perde o referencial de justiça. Daí, o que passa a reger o seu coração é a lei do pecado e da morte, na qual um abismo chama outro abismo, e o resultado é que o homem se vê num buraco sem fundo e sem saída.

Como podemos interpretar a mensagem que esses adolescentes e jovens estão enviando ao postarem fotos de seus corpos nus na prática do Sexting? Parece um apelo. Um pedido surdo de ajuda. Querem ser amados, vistos. Ao exporem seu corpo para ser desejado pelo outro, parece que anseiam ouvir como resposta que eles têm algum valor, que são importantes, queridos. Mentira. Ilusão. Engano! O resultado tem sido que muitos jovens acabam sofrendo o chamado cyber bullying, pois sua imagem por vezes é divulgada e compartilhada nas redes sociais, servindo de escárnio, motivo de chacota e comentários depreciativos. 

Na web, não raro, perde-se o controle do material postado. E o que pode acontecer? É importante saber que hoje as redes sociais funcionam como uma espécie de currículo, no qual seu futuro empregador, seu futuro marido (a quem você poderá, com a bênção de Deus, revelar os segredos do seu corpo) ou quem sabe, seus filhos, poderão ver seu histórico de vida. 

Sabemos de vários casos de suicídio, causado pelo fato de a vítima, ao ser exposta, não suportar o peso da vergonha da exposição, ou ainda, na outra ponta, a prisão pela divulgação de imagens pornográficas.

O que diferencia o ser humano dos animais é a fala, a inteligência, a razão, porém estamos vendo um homem agindo em busca da satisfação de “instintos” cada vez mais primitivos. Ele tem agido com base em uma crença de pseudoliberdade, buscando a liberação de valores, referenciais e culturais (“efeito colateral” da globalização). Esse ser humano perdeu sua identidade e agora pretende ser o que quiser, sem saber ao certo o quê... No que diz respeito à sua sexualidade, ele tem demonstrado não se importar com o que Deus determinou em relação a ser homem ou mulher. Para ele, tudo o que existe é orientação sexual, e o que importa é a busca pelo prazer. 

A essa moça ou esse moço, entregue a si mesmo, sem limites, sem regras, acrítico, não regido por leis divinas (nem humanas), mas pela lei do pecado, revelando um comportamento delirante, psicotizante, no qual o que importa é o querer e basta querer que, certamente, haverá um “kit” de um novo ser no mercado para vender, uma advertência: o preço dessa prática que você julga aparentemente inocente pode custar-lhe um preço muito alto. Cuidado!

Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se me pegará 
(Salmo 101.3).


A autora é psicóloga, pós-graduada em Docência do Ensino Superior, formada em Teologia, palestrante e professora de Escola Dominical de adolescentes na Assembleia de Deus Vitória em Cristo