5 de jan. de 2014

Casa de oração ou covil de salteadores?


“E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.” (Mateus 21.12;13)

Com a corrupção morre o corpo, com a impiedade morre a alma” (Agostinho)

O templo de Jerusalém consistia de um santuário interno (chamado de naos), rodeado por uma serie de pátios. Pela ordem decrescente, eram o pátio dos sacerdotes dos israelitas, o das mulheres e o dos gentios.
A área total do templo era designada por hieron. Foi um pátio externo que as autoridades as autoridades do templo mandaram armar tendas (chamadas de “bazares de Anás”; pertencentes à família do sumo sacerdote) para fornecer animais aprovados para os sacrifícios, e onde se praticava o cambio de moedas estrangeiras por dinheiro aceitável, para o pagamento do imposto do templo (meio siclo, cp 17:24).Visto que a maior parte das moedas traziam estampas de símbolos pagãos, essas não eram aceitáveis. A tradição rabínica dizia que o imposto do templo, deveria ser pago com uma moeda de prata da Tíria, de alta qualidade, denominada tetradracma.
Entrou Jesus no templo (no pátio dos gentios) e expulsou a todos os que ai vendiam e compravam.Ele derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. É muitíssimo provável que as transações comerciais no templo favorecessem bastante os sacerdotes. Cobrava-se determinada comissão no cambio de moedas, e os animais eram vendidos a preços elevados. Por exemplo, os pombos, que podiam ser sacrificados pelos que eram bem pobres, e não podiam comprar um cordeiro, eram vendidos no templo por um preço varias vezes maiores que o preço praticado no mercado (cp. Barclay, vol.2, p.245).
Está escrito, disse Jesus, que a minha casa será chamada de casa de oração. Entretanto, os homens a transformaram em covil de ladrões (v.13).
O primeiro enunciado vem de Isaias 56:7, que diz que a casa de Deus deve ser “casa de oração para todos os povos”. Aos gentios não se permitia ir além do pátio externo: não podiam entrar no santuário. Era ali que a comercialização corria desenfreada – dificilmente poderia dizer que era uma casa de oração para quem não fosse judeu. O segundo enunciado vem de Jeremias 7:11, Beare faz um comentário sobre o ambiente do texto de Jeremias, qual nos fala nos fala de adoradores que cometiam toda sorte de perversidades( “furtareis vós,e matareis e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, v.9) e no entanto compareciam a casa de Deus. A eles diz Deus: “É esta casa , que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos?” Para Jeremias , “os delinqüentes” eram as pessoas que vinham cultuar, não os negociantes que operavam como concessionários. (Beare, p.417).
Na manhã de segunda-feira(Mc 11.12) , Jesus continua a obra da moralização do templo, que havia dado início ao Seu ministério em Jerusalém, três anos antes (João 2.14). A profanação passou a invadir novamente o recinto sagrado.
Era necessário haver certa transação financeira para se poderem vender sacrifícios e cambiar moedas do templo com os vinham de longe. Não era, porem, correto ocupar o recinto inteiro com extorsionários que roubavam o dinheiro dos peregrinos. O culto estava tornando-se apenas uma desculpa para o comercio fraudulento: a venda dos animais cultualmente aceitáveis nas urnas (caixa das ofertas), por serem cunhadas com imagens do imperador (que era tido por um deus) ou de varias divindades.
Os cambistas – Este serviço era necessário por que os impostos tinham de ser pagas em moeda corrente, mas essa pratica tinha se tornado tão corrupta que Jesus a descreveu como “covil de salteadores”(V 17; Lc. 19.45-46). Jesus está também julgando as famílias sumo sacerdotais dos saduceus, que não harmonizavam com o caráter do Pai, de quem era a casa.
O comentário Bíblico Moddy diz: Covil de salteadores – Um refugio para ladrões, cuja praticas infames eram protegidas pelos preceitos sagrados.
Essas atividades comerciais exercidas dentro da casa de Deus frustravam as pessoas que procuravam adorá-lo. Isso com certeza deixaram Jesus enfurecido. Qualquer pratica que possa interferir na adoração deve ser imediatamente interrompida.                                                                         
 “Corrupção, a partir de certo nível, exige que todos sejam corruptos. Quem se recusa é alvo de pressões insustentáveis. É um processo de seleção negativo. (Ladislau Dowbor)
“ A corrupção não deixa provas, mas nem sempre desfaz rastros e evidencias” (B. Calheiros Bonfim)

Para espanto de alguns de nós fiéis mais antigos, de repente Deus e Mamon são misturados em igrejas dos mais diferentes títulos, em práticas escusas e na ostentação da liderança pelo vil metal. Já não temos as sandálias do pescador ou a humildade do Mestre da Galiléia. Dinheiro fácil na religião. Massas incautas iludidas na esperança da barganha com Deus. Investem-se dez por cento da renda, ou um pouco mais como sacrifício para que Deus devolva em muito mais. Parece um negócio lucrativo. A religião torna-se, como nos dias do Mestre, covil de ladrões e salteadores.
Uma espécie de torpor religioso invadiu o ambiente, instilado na televisão e na mídia por estrelas que se intitulam vindas de Deus a fim de trazer ao povo a desejada prosperidade que, no dizer deles, virá da divindade para resolver de maneira milagrosa tudo o que se desejar, mediante ao que chamam de fé. Invoca-se a Velha Aliança, fantasiam-se estórias e o povo vibra.
Mas o cristianismo do Cristo, manso e humilde, santo e puro, de amor e de misericórdia, não mais é anunciado. O foco agora é o individuo, egoísta, ególatra e egocêntrico. Quando seu ego é massageado sua carteira se abre e ele doa, não importando se para comprar aviões, helicópteros ou carrões importados. Líderes maiores são escoltados por homens armados, temendo represália de outros bandidos que também querem riqueza fácil. E tudo em nome de Deus. O Deus de Israel. Mas Este tem um Filho, que salva pecadores, ama os pobres, anda de sandálias, foi sepultado em sepultura emprestada e que disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.


Qualquer semelhança e mera coincidência”.


Em Cristo,

Pr. Marcos Serafim Silva

Consultas:
1985,1991, por  Robert H. Mouche – Hendrickson Publishers
http://www.recantodasletras.com.br\autores\prserafimisidoro
Bíblia de Estudo de Genebra  
Bíblia Shedd


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