12 de dez. de 2014

Jesus Cristo: da gloria, à manjedoura, da manjedoura a cruz.

Jesus Cristo: da gloria, à manjedoura, da manjedoura a cruz.


Introdução

Jesus dividiu a história humana em antes e depois dele. A força dessa delimitação, mesmo para a parte da humanidade que não vê nela a mão divina, é aceita por todos, e não apenas pelos 2 bilhões de cristãos, ou um terço da humanidade. Dois mil anos depois, os sinais materiais da existência em carne e osso de Jesus aparecem mais claros nas análises de historiadores e nas escavações arqueológicas. Discute-se menos agora se Jesus existiu mesmo.
O prodígio maior do pregador que viveu na Palestina, cujo fascínio aumenta com a passagem do tempo, é o fato cada vez mais aceito por estudiosos de todas as religiões de que, além de lançar as bases morais e éticas da civilização ocidental, Jesus reinventou a fé. Essa é a chave para entender Sua permanência e a aceitação de Sua doutrina fora da cristandade.
John Meier afirma que o ano de nascimento de Jesus é cerca de 7/6 a.C.1 Por outro lado, Karl Rahner afirma que o consenso entre historiadores é c. 4 a.C. Sanders é favorável a 4 a.C. e aponta o consenso geral para essa data. Finegan aponta como provável c. 3/2 A.C., em função de tradições do cristianismo primitivo.
O Novo Testamento afirma em três passagens diferentes que Jesus era judeu ("Ioudaios" no grego do Novo Testamento), embora o próprio Jesus nunca se refira a si como tal. Em Mateus 2:, os Reis Magos referem-se a Jesus como "Rei dos Judeus" (basileus ton ioudaion). É também referido como judeu em João 4: pela samaritana no poço, no momento em que abandona a Judeia, e pelos romanos durante o episódio da Paixão, em todos os quatro evangelhos, os quais usam a frase "Rei dos Judeus".
Jesus despiu-se da sua glória, e vestiu nossas roupas miseráveis; nos deu seus trajes imaculados, para q entrássemos na presença do Pai.
Nascendo de uma simples camponesa humilde de uma cidade desprezada na parte rural do norte da Palestina. Não foi por acidente que Deus a escolheu para ser a mãe de seu Filho unigênito. Seu caráter era tal que foi considerada especialmente adequada para cuidar e guiar a Criança nascida dela. Na manjedoura o Rei dos reis nasceu entre os animais.
Pilatos escreveu também um título e o colocou no cimo da cruz; o que estava escrito era: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos judeus leram este título, porque o lugar em que Jesus fora crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.  Os principais sacerdotes diziam a Pilatos: Não escrevas: Rei dos judeus, e sim que ele disse: Sou o rei dos judeus. 19.22   Respondeu Pilatos: O que escrevi escrevi;  em latim INRI, ou Iesus Nazarenus Rex Ioderum, ou Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus.

Esvaziou-se da Gloria
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
  Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
  E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. (Filipenses 2.5-8)

Jesus não pensou em si mesmo; ele pensou nos outros. Ele abriu mão de sua glória, desceu das alturas e, usou seus privilégios para abençoar os outros.
William Barclay diz que a palavra “subsistindo” hyparquein descreve aquilo que é essencial e que não pode ser mudado; aquilo que possui uma forma inalienável. Descreve características inatas, imutáveis e inalteráveis. Assim, pois, Paulo começa dizendo que Jesus é Deus em forma essencial, inalterável e imutável. Logo Paulo continua dizendo que Jesus “subsistia em forma de Deus”. Há duas palavras gregas para forma: morphe e schema. Ambas podem ser traduzidas por “forma”. Mas, elas não têm o mesmo significado. Morphe é forma essencial de algo que jamais se altera; schema é a forma externa que muda de tempo em tempo e de circunstância em circunstância. A palavra que Paulo usa com referência a Jesus é morphe. Jesus está de maneira inalterável na forma de Deus; sua essência e seu ser imutável são divinos. Werner de Boor faz referência à bela formulação de Lutero: “O Filho do Pai, Deus por natureza…”. Nesta mesma linha de pensamento Ralph Martin diz que morphe é “natureza essencial” em oposição à “forma exterior” schema. O erudito Lightfoot diz que morphe implica não em características externas, mas em atributos essenciais.
Há uma profunda conexão entre morphe e schema. A primeira se refere àquilo que é anterior, essencial e permanente na natureza de uma pessoa ou coisa; enquanto a segunda aponta para seu aspecto externo, acidental ou aparente. O que Paulo está dizendo, pois, em Filipenses 2.6 é que Cristo Jesus sempre foi (e continuará sempre sendo) Deus por natureza, a expressa imagem da Divindade. O caráter específico da Divindade, segundo se manifesta em todos os atributos divinos, foi e é sua eternidade, diz William Hendriksen. Jesus sempre foi Deus (Jo 1.1; Cl 1.15; Hb 1.3). Ele sempre possuiu toda a glória e louvor no céu. Com o Pai e o Espírito Santo, ele sempre reinou sobre o universo.
Há uma outra verdade gloriosa exposta no versículo 6. O apóstolo Paulo diz que Jesus “não julgou como usurpação o ser igual a Deus”, ou seja, não considerou a sua igualdade com Deus como “algo que deveria reter egoisticamente”. A palavra grega aqui traduzida por “usurpação” é harpagmos. Essa palavra só aparece aqui em toda a Bíblia. Ela provém de um verbo que significa arrebatar ou aferrar-se. Jesus não se agarrou aos privilégios de sua igualdade com Deus, antes abriu mão dela por amor aos homens. Ralph Martin afirma que para o Cristo pré-encarnado, ao invés de imaginar que igualdade com Deus significa obter, ao contrário, ele deu – deu até tornar-se vazio.
F. F. Bruce interpreta corretamente essa questão, quando escreve:
Não existe a questão de Cristo tentar arrebatar, ou apoderar-se da igualdade com Deus: ele é igual a Deus, porque o fato de ele ser igual a Deus não é usurpação; Cristo é Deus em sua natureza. Tampouco existe a questão de Cristo tentar reter essa igualdade pela força. A questão fundamental é, antes, que Cristo não usou sua igualdade com Deus como desculpa para autoafirmação, ou autopromoção; ao contrário, ele a usou como ocasião para renunciar a todas as vantagens ou privilégios que a divindade lhe proporcionava, como oportunidade para auto empobrecimento e auto sacrifício sem reservas.
F. F. Bruce diz que em vez de explorar sua igualdade com Deus, e dela auferir vantagens, Jesus se despojou a si próprio, não de sua natureza divina, visto que isso seria impossível, mas das glórias e das prerrogativas da divindade. Isto não significa que ele trocou sua natureza (ou forma) divina pela natureza (ou forma) de um escravo: significa que ele demonstrou a natureza (ou forma) de Deus na natureza (ou forma) de um escravo. No cenáculo, Jesus pegou uma bacia, cingiu-se com uma toalha e lavou os pés dos discípulos e depois, disse-lhes: “Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros”.
William Hendriksen, abrindo uma janela para o nosso entendimento dessa gloriosa verdade, diz que a inferência é que Cristo se esvaziou de sua existência-na-forma-de-igualdade-a-Deus e ilustra com alguns pontos.
Bruce Barton comentando este texto diz que Jesus não era parte homem e parte Deus; ele era completamente humano e completamente divino. Antes de Jesus vir ao mundo, as pessoas só podiam conhecer a Deus parcialmente. Depois, puderam conhecê-lo plenamente, porque ele se tornou visível e tangível. Cristo é a perfeita expressão de Deus em forma humana. Ele é a exegese de Deus. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Como homem, porém, Jesus estava limitado a lugar, tempo, e outras limitações humanas. Contudo, ele não deixou de ser plenamente Deus ao tornar-se humano, embora tenha abdicado de sua glória e seus direitos.


Nasceu numa manjedoura 
E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. Lucas 2:7

Phatne , manjedoura – também denota estábulo .Assim na Septuaginta , a palavra denota não só manjedoura , mas , por metonímia , estábulo ou estrebaria  que continha a manjedoura
 Pelo fato de estar em uma manjedoura se declarava que Jesus era rei dos pobres.Com base na posição na qual se encontrava, os pobres, sem dúvida, foram capazes de reconhecer imediatamente a relação que teria com eles. O anjo ao falar: “Isto os servirá de sinal: achareis o menino envolto em panos, deitado em uma manjedoura”, creio que provocou sentimentos da maior cordialidade fraternal nas mentes dos pastores. Aos olhos dos pobres, os trajes imperiais não provocam nenhum afeto, mas um homem que anda com as mesmas roupas comuns, atrai sua confiança. Com que persistência os obreiros se agregam a um líder da sua própria categoria, e creem nele porque conhece suas fadigas, se identifica com suas aflições e sente um interesse por todas as suas inquietudes. Os grandes comandantes ganharam rapidamente os corações de suas tropas compartilhando suas dificuldades e adversidades como se fossem soldados rasos. O Rei dos Homens que nasceu em Belém não esteve isento em Sua infância das calamidades comuns dos pobres, mas ainda, Sua porção foi inclusive pior que a deles. Parece até que ouço aos pastores que comentam à manjedoura da natividade: “Ah!”, disse um ao seu companheiro, “então ele não será como Herodes, o tirano; lembrará da manjedoura e se compadecerá dos pobres; pobre criança indefesa, já sinto amor por Ele; que alojamento miserável este indiferente mundo concede a seu Salvador; quem nasceu hoje não é um dos Césares. Ele nunca pisará nossos campos com Seus exércitos, nem sacrificará nossos rebanhos para dar aos seus cortesãos. Ele será o amigo do homem pobre, o monarca do povo; de acordo com as palavras do nosso rei-pastor, Ele julgará os aflitos do povo e salvará os filhos dos necessitados”.

1-    Houve outras razões pela qual Cristo deveria ser colocado na manjedoura.

 Eu penso que isso tinha o propósito de mostrar Sua humilhação. Conforme a profecia, Ele veio para ser “desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, experimentado nos sofrimentos”; “não há beleza nele, nem nada em sua aparência que o torne desejável”; “como raiz saída de uma de terra seca”.
Teria sido apropriado que o homem que deveria morrer nu na cruz estivesse coberto de púrpura em seu nascimento? Não teria sido inapropriado que o Redentor, que haveria de ser sepultado em um sepulcro emprestado nascesse em outro lugar que não fosse a cobertura mais humilde e que fosse abrigado em outro lugar que não fosse o mais pobre? A manjedoura e a cruz, localizados nos dois extremos da vida terrena do Salvador, parecem muito apropriados e congruentes entre si. Jesus haveria de usar ao longo da vida a túnica de um camponês; haveria de associar-se com pescadores; os de humilde condição haveriam de ser seus discípulos; os frios montes tinham que ser frequentemente Seu único leito; haveria de dizer: “as raposas têm covis, e as aves do céu ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde recostar a cabeça”; nada, portanto, poderia ser mais apropriado que, em Sua etapa de humilhação, – quando deixou de lado toda Sua glória e tomou a forma de servo e se rebaixou ao estado mais humilde – ser colocado em uma manjedoura.
Pelo fato de estar em uma manjedoura se declarava que Jesus era rei dos pobres. Com base na posição na qual se encontrava os pobres, sem dúvida, foram capazes de reconhecer imediatamente a relação que teria com eles. O anjo ao falar: “Isto os servirá de sinal: achareis o menino envolto em panos, deitado em uma manjedoura”, creio que provocou sentimentos da maior cordialidade fraternal nas mentes dos pastores. Aos olhos dos pobres, os trajes imperiais não provocam nenhum afeto, mas um homem que anda com as mesmas roupas comuns, atrai sua confiança. Com que persistência os obreiros se agregam a um líder da sua própria categoria, e creem nele porque conhece suas fadigas, se identifica com suas aflições e sente um interesse por todas as suas inquietudes. Os grandes comandantes ganharam rapidamente os corações de suas tropas compartilhando suas dificuldades e adversidades como se fossem soldados rasos.
O Rei dos Homens que nasceu em Belém não esteve isento em Sua infância das calamidades comuns dos pobres, mas ainda, Sua porção foi inclusive pior que a deles. Parece até que ouço aos pastores que comentam à manjedoura da natividade: “Ah!”, disse um ao seu companheiro, “então ele não será como Herodes, o tirano; lembrará da manjedoura e se compadecerá dos pobres; pobre criança indefesa, já sinto amor por Ele; que alojamento miserável este indiferente mundo concede a seu Salvador; quem nasceu hoje não é um
dos Césares. Ele nunca pisará nossos campos com Seus exércitos, nem sacrificará nossos rebanhos para dar aos seus cortesãos. “Ele será o amigo do homem pobre, o monarca do povo; de acordo com as palavras do nosso rei-pastor, Ele julgará os aflitos do povo e salvará os filhos dos necessitados”.

2-    Que haviam outros além da hospedaria que não tinham lugar para Cristo.

 Acaso os palácios dos imperadores e os salões dos reis não forneceram nenhum abrigo ao Rei estrangeiro? Ai, meus irmãos, raramente há lugar para Cristo nos palácios! Como poderiam os reis da Terra receberem o Senhor? Ele é o Príncipe da Paz e eles se deleitam na guerra! Ele quebra os seus arcos e corta em pedaços suas lanças; queima seus carros de guerra
no fogo. Como poderiam os reis aceitarem ao humilde Salvador? Eles amam a grandeza e a pompa, e todo Ele é simplicidade e mansidão. Ele é o filho de um carpinteiro, e o companheiro do pescador. Como podem os príncipes encontrarem lugar para o monarca recém nascido? Vamos, Ele nos ensina a fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem por nós, e isto
é algo que os reis achariam muito difícil de reconciliar com os astutos truques da política e os gananciosos projetos da ambição. Oh, grandes da Terra, pouco me surpreende que em meio às suas glórias, prazeres, guerras e conselhos, esqueçam o Ungido, e expulsem ao Senhor de Tudo. Não há lugar para Cristo com os reis. Considerem todos os reinos da Terra agora, e com uma exceção aqui e outra ali, segue sendo verdade que: “Se levantarão os reis da Terra, e príncipes conspirarão unidos contra Jeová e contra seu ungido.”
Veremos algum monarca por aqui e por ali no céu; mas, ah, quão poucos serão; na verdade, uma criança poderia fazer sua conta. “Não são muitos sábios segundo a carne, nem muito poderosos”. As Câmaras, os gabinetes, os salões e os palácios reais são tão pouco frequentados por Cristo como as selvas e os pântanos da Índia são muito pouco frequentados pelo cauteloso viajante. Ele visita com muito mais assiduidade os casebres que as residências reais, pois não há lugar para Jesus Cristo nos salões reais.


3 - A própria hospedaria não tinha lugar para Ele.

E esta foi a principal razão pela qual Ele teve que ser colocado na manjedoura.
O que podemos encontrar nos tempos modernos que ocupe o lugar da hospedaria? Bem, há um sentimento público que é livre para todos. Nesta terra livre, os homens dizem o que querem, e há uma opinião pública sobre qualquer tema; e vocês sabem que há uma livre tolerância neste país para tudo: permitam-me dizê-lo, tolerância para tudo, menos para Cristo. Vocês descobrirão que o espírito da perseguição é agora muito mais abundante que nunca. Há ainda homens de quem está muito em voga zombar. Nós nunca zombamos dos cristãos hoje em dia; não rimos desse título respeitável, não acontecerá de perdermos nossa própria honra, nós não falamos hoje em dia contra os seguidores de Jesus, sob esse nome. Não; mas descobrimos uma maneira de fazê-lo com maior segurança. Há uma doce palavra que é de moderna invenção, uma palavra muito bonita – a palavra “sectário”. Você sabe o que significa? Um sectário quer dizer um verdadeiro cristão; um homem que se pode dar ao luxo de manter uma consciência, que não se importa em sofrer por ele; qualquer homem que, seja o que for que encontre neste velho Livro, crê, e age com base nele, e é zeloso em fazê-lo. Eu creio que os homens a quem se tenta definir com o termo “sectários”, são os verdadeiros seguidores de Cristo, e que os escárnios e as zombarias, e todas as besteiras que vocês estão lendo e ouvindo sempre, estão dirigidas realmente ao cristão, ao verdadeiro cristão, só que está disfarçado e rotulado com a palavra “sectário”. Eu não daria um centavo pela sua religião, e mais, não daria nem sequer um cominho a menos que vocês ganhem esse título algumas vezes. Se a Palavra de Deus é verdadeira, se cada um de seus átomos é verdadeiro, e então devemos atuar de acordo; e toda coisa que o Senhor mande, devemos guardá-la e obedecê-la diligentemente, lembrando que nosso Mestre nos diz que, “se transgredimos um desses mandamentos muito pequenos, e assim ensinamos aos homens, de muito pequenos seremos chamados em Seu reino”. Temos que ser muito cuidadosos, muito precisos, muito ansiosos para que até nos detalhes das leis de nosso Salvador lhe obedeçamos, tendo levantado o nosso olhar a Ele assim como os olhos das servas estão postos em suas amas.

Foi até a Rude  Cruz

E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, (João 19.17)
A crucificação reunia as quatro qualidades que os romanos mais valorizavam numa execução: agonia impiedosa, morte prolongada, espetáculo público e humilhação total.
De acordo com o historiador grego Heródoto, os persas inventaram a prática depois de experimentar outras formas de morte lenta, incluindo morte por apedrejamento, afogamento, combustão, fervilhamento, estrangulamento e esfolamento. Por fim, passaram a executar as pessoas que consideravam particularmente detestáveis empalando-as em estacas com o objetivo de impedir a contaminação do solo, que seu deus Ormuzd criara como algo sagrado.
Mais tarde, a crucificação tornou-se uma ferramenta usada por Alexandre, o Grande, os quatro generais que o sucederam e finalmente os cartagineses, de quem os romanos a aprenderam. Os gregos e os primeiros romanos reservavam a crucificação a rebeldes, escravos fugitivos, soldados desertores e à pior espécie de criminosos.
Jesus não teria carregado à cruz inteira, que deveria pesar mais de cem quilos. Até mesmo um homem que não tivesse sido açoitado encontraria dificuldade em arrastar — quanto mais carregar — tanto peso por mais de cem metros. A travessa da cruz, chamada de patibulum, “era colocada na nuca da vítima e equilibrada pelos dois  ombros”.
A parte vertical, chamada de stipes, esperava pela vítima no local da crucificação, normalmente ao lado de uma via principal que levava à cidade. Uma vez ali, o patibulum era conectado ao topo da stipes por meio de um entalhe para formar um enorme “T ” maiúsculo.
Se a Jerusalém do século I tinha alguma semelhança com a de hoje, praticamente qualquer rota que passasse por dentro da cidade seria um pesadelo claustrofóbico. Os becos estreitos e tortuosos estariam cheios de visitantes por conta da festa da Páscoa.
Inclinou a cabeça para trás, tomou o último fôlego e gritou: “ Tetelestai”. A maioria dos presentes entendeu essa expressão grega. Era um termo contábil. Arqueólogos encontraram recibos de impostos em papiro nos quais se lia a palavra “tetelestai”, significando “totalmente pago”. Com o último fôlego de Jesus na cruz, ele declarou que a dívida do pecado estava eliminada, completamente quitada.
Crucificação ou crucifixão foi um método de execução utilizado na Antiguidade e comum tanto em Roma quanto em Cartago. Abolido no século IV, por Constantino, consistia em torturar o condenado e obrigá-lo a levar até o local do suplício a barra horizontal da cruz, onde já se encontrava a parte vertical cravada no chão. De braços abertos, o condenado era pregado na madeira pelos pulsos e pelos pés e morria, depois de horas de exaustão, por asfixia e parada cardíaca (a cabeça pendida sobre o peito dificultava sobremodo a respiração).
Crê-se que foi criado na Pérsia , sendo trazido no tempo de Alexandre para o Ocidente, sendo então copiado dos cartagineses pelos itálicos. Neste ato combinavam-se os elementos de vergonha e tortura, e por isso o processo de crucificação era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com flagelação, depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No azorrague os soldados fixavam os pregos, pedaços de ossos, e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que às vezes o flagelado morria em consequência do açoite.O flagelo era cometido ao réu estando este preso a uma coluna.
No ato de crucificação a vítima era pendurada de braços abertos em uma cruz de madeira, amarrada ou, raramente, presa a ela por pregos perfurantes nos punhos e pés. O peso das pernas sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a respiração, levando à morte por asfixia. Para abreviar a morte os torturadores às vezes fraturavam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum a colocação de "bancos" no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.
O termo vem do Latim crucifixio ("fixar a uma cruz", do prefixo cruci-, de crux ("cruz"), + verbo figere, "fixar ou prender".)
Marco Túlio Cícero, em latim Marcus Tullius Cicero (Arpino, 3 de Janeiro de 106 a.C. — Formia, 7 de Dezembro de 43 a.C.), foi um filósofo, orador, escritor, advogado e político romano dissse que : Era a cruz o mais infame dos suplícios e o castigo ordinário de ladrões de estradas, assassinos, traidores e escravos. Cícero, escritor romano, chamava-lhe “a mais cruel e atroz das condenações à morte”. O próprio nome cruz era motivo de opróbrio, culpa e ignomínia.

Vários povos usavam a crucificação

Nas mais célebres nações do mundo foram usadas o suplício da cruz. Entre os assírios, antes do nascimento de Abraão, Pharmo, rei da Média, foi crucificado por mandado de Nino, seu vencedor. Entre os hebreus, o rei Janneo (Janeu), filho de Hircano, mandou crucificar oitocentos deles. Entre os gregos, Xantippe, general dos atenienses, condenou ao suplício da cruz a Artayete, governador da Etólia. Os gregos demonstravam verdadeiro pavor à crucificação, e por isso não a adotaram como forma de execução de seus criminosos. Ela só passou a fazer parte dos costumes gregos no tempo de Alexandre, o Grande, que a imitou dos persas. Foi praticada na Síria sob os selêucidas, e no Egito sob o governo dos ptolomeus. Em Siracusa, cidade grega, Dionísio, o tirano, praticou-a inspirado pelos cartagineses.
Os romanos também a adotaram observando o exemplo dos cartagineses. Essa prática, que começou a ser usada em Roma como punição aos escravos, passou a ser aplicada também aos prisioneiros de guerra, aos desertores, aos ladrões, e, sobretudo aos revoltosos vencidos. Tempos depois passou a ser utilizado em Israel. Herodes, o Grande, mandou crucificar mais de 2.000 judeus que se rebelaram contra ele. Durante o cerco de Jerusalém em 70 d.C., os romanos chegaram a crucificar 500 judeus por dia, segundo testemunho do historiador e comandante das tropas judaicas rebeladas, Flávio Josefo.


Palavras da cruz

Palavra de Perdão - E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.(Lucas 23:33-34)

Palavra de Salvação - E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.(Lucas 23:42-43)

Palavra de provisão - E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena.
Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.(João 19:25-27)

Palavra de solidão - E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?( Mateus 27:46)

Palavra de aflição - Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. (João 19:28)

Palavra de separação - E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou. (Lucas 23:46)

Palavra de vitoria - E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. (João 19:30)
Assim, falar da cruz de Cristo significa sempre falar de vitoria.
Houve uma vitoria em termos legais, posto que a cédula que nos era contraria , foi cravada na cruz.
Houve uma vitoria em termos militares, pois Cristo atuou como general no grande conflito de ordem espiritual contra todos os inimigos.
O Cristo da Cruz é um Cristo amoroso, eterno sofredor, perdoador, redivivo e vencedor.

Conclusão
Cristo não foi para a cruz porque Judas o traiu por ganância, porque os sacerdotes o entregaram por inveja ou porque Pilatos o condenou por covardia.
Ele foi para a cruz porque o Pai o entregou por amor e porque ele a si mesmo se entregou por nós. Ele morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3). Nós o crucificamos. Nós estávamos lá no Calvário não como plateia, mas como agentes da sua crucificação.  

N’Ele nossa eterna Salvação!

Marcos Serafim Silva

Notas : Gomes,Gesiel – a teologia da Cruz
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crucifica%C3%A7%C3%A3o   
http://www.santovivo.net/gpage311.aspx      
http://hernandesdiaslopes.com.br/2009/04/a-humilhacao-e-a-exaltacao-de-cristo/#.VIVyHDHF8x4
Meier, John P.. A Marginal Jew: The roots of the problem and the person. [S.l.]: Yale University Press, 1991. p. 407. ISBN 978-0-300-14018-7.
http://www.ipirondonopolis.com.br/2014/03/mensagem-crucificacao-de-jesus.html
http://veja.abril.com.br/241203/p_112.html
Traduzido de http://www.spurgeon.com.mx/sermon485.pdf Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público e com permissão de Allan Roman do espanhol.

Sermão nº 485—Volume 8 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit, Tradução: Rachel Gondim -Revisão: Armando Marcos Pinto  - Capa e Diagramação: Sálvio Bhering.

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